O revestimento cerâmico é um dos produtos mais tradicionais no país quando o assunto é construção e reforma.
Isso por causa de características importantes, como alta performance, durabilidade, ser anti-inflamável e ainda oferecer uma grande variedade de cores e formas, versatilidade nas aplicações e beleza no acabamento.
O sucesso é tão grande que o Brasil é o terceiro maior produtor, exportando para mais de 110 países. Somos também o segundo maior consumidor de revestimentos cerâmicos, sempre produzidos em conformidade com as normas técnicas internacionais.
No entanto, aplicar o revestimento cerâmico não é tão simples quanto se imagina e, se cada detalhe do processo não for feito de acordo com as recomendações, o resultado final pode não sair como esperado.
Foi o que mostrou um estudo científico sobre as causas dos descolamentos de placas nas obras brasileiras. A pesquisa foi encomendada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer) e a Associação Paulista das Cerâmicas para Revestimento (Asparcer) e realizada por instituições de pesquisa e universidades.
O estudo sobre o descolamento do revestimento cerâmico
O motivo por trás desse estudo sobre reclamações sobre o descolamento dos revestimentos cerâmicos mostrou que o principal motivo para a ocorrência era a instalação incorreta.
Ou seja, o assentamento mal feito foi apontado em todas as variantes estudadas. As falhas na interface colante causam tensões que posteriormente podem acarretar desplacamento em maior magnitude.
O estudo se dividiu em várias partes. A primeira delas foi realizada pelo Laboratório de Revestimentos Cerâmicos da Universidade Federal de São Carlos. A ideia desse início de estudo foi fazer um mapeamento da produção nacional e comparar à produção internacional.
Para isso foram utilizados 28 produtos nacionais envolvendo todas as tipologias de revestimento cerâmico (pastilhas, monoporosos, etc) fabricados nos mais variados processos (como via úmida e via seca) em todas as regiões do país.
Já o Centro Cerâmico do Brasil (CCB) realizou a segunda parte desse estudo e avaliou a influência da argamassa colante no desempenho do revestimento cerâmico.
Sendo assim, foram assentados revestimentos em pequenos protótipos e verificada a resistência de aderência à tração antes e depois do ciclo de envelhecimento acelerado.
A terceira parte do estudo ainda está em andamento, sendo realizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Nessa etapa, o objetivo é avaliar o problema de forma mais ampla, fazendo um mapeamento de todas as variáveis possíveis.
Em razão disso estão sendo utilizados prototipagem robusta, com protótipos de grande escala, e modelagem computacional.
Estudo refuta hipóteses sugeridas
As reclamações começaram a ocorrer em 2012, época em que alguns profissionais responsabilizaram a chamada expansão por umidade (EPU) pelo descolamento.
No entanto, os resultados da pesquisa não comprovaram qualquer vínculo entre o descolamento e os níveis de EPU dos revestimentos cerâmicos.
Muito pelo contrário, as placas cerâmicas apresentaram resultados condizentes com o monitoramento nacional via certificação Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) e PSQ (Programas Setoriais de Qualidade), totalmente dentro da normatização independentemente da rota e local de fabricação.
Outra hipótese para o descolamento é que a expansão por umidade estaria relacionada à tecnologia utilizada na fabricação. No entanto, esta possibilidade também não teve comprovação científica, seja por via seca ou úmida.
Para se ter uma ideia, a via seca, por exemplo, é o processo utilizado em cerca de 70% da produção nacional há mais de 20 anos. Mesmo assim, de acordo com os especialistas, não é a via de fabricação – seca ou úmida – que define qualidade.
O estudo comprovou que a maioria dos revestimentos cerâmicos produzidos em qualquer região do país atende plenamente às normativas internacionais.
Recomendações dos especialistas para a instalação correta
Ao que tudo indica, as falhas nos procedimentos de execução são as principais causas do descolamento das placas cerâmicas. Entre elas, chama a atenção o tamanho da área de contato aderente, que deve ser igual ou maior que 90%.
De acordo com os especialistas do estudo, é preciso atenção do engenheiro no canteiro de obras e orientação quanto à área de aderência. Os descolamentos são mais comuns principalmente quando a área de contato aderente é menor que 50%, já que há uma aceleração do processo de degradação das ligações.
Embora a terceira fase do estudo ainda esteja em andamento, os especialistas sugerem uma série de recomendações para a correta instalação do revestimento cerâmico com base nas conclusões feitas até agora.
- Controlar o processo de execução, com ênfase para a etapa de arraste e esmagamento dos cordões da argamassa;
- Respeitar o tempo em aberto da argamassa colante. Ou seja, não permitir que ela seque antes do assentamento;
- Seguir todas as determinações das normas técnicas de assentamento;
- Realizar a dupla colagem, obrigatória para grandes peças.
Seguindo estas recomendações será possível reduzir os problemas e aproveitar todas as vantagens do revestimento cerâmico.
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